A discussão sobre a reforma tributária no Brasil não ocorre em uma bolha isolada. O advogado especialista Dr. Christian Zini Amorim destaca que dois dos maiores parceiros comerciais do país, a China e os Estados Unidos, exercem influência direta e indireta nas decisões econômicas e fiscais do governo brasileiro, inclusive na formatação de um novo sistema tributário.
Enquanto o Brasil busca simplificar tributos e atrair mais investimentos, é inevitável observar os modelos já consolidados em potências globais. O interesse por alinhamento com práticas internacionais, aliado à necessidade de tornar o país mais competitivo no cenário global, coloca as experiências tributárias desses dois gigantes sob o foco da análise. Com isso, o que está em jogo vai muito além da arrecadação: trata-se de posicionamento estratégico no comércio internacional.
Como os modelos tributários da China e dos EUA impactam as decisões brasileiras?
A China adota um modelo tributário focado no estímulo à indústria e à exportação, com incentivos regionais e uso estratégico do Estado na regulação fiscal. Esse formato inspira o Brasil, especialmente nas discussões sobre a desoneração de setores produtivos e regionalização de benefícios. A presença chinesa em áreas como infraestrutura, agronegócio e tecnologia reforça o interesse brasileiro em manter um sistema que dialogue com esse parceiro de forma eficaz.

Já os Estados Unidos operam em um sistema federalista com forte autonomia estadual, onde tributos como o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) são tratados com diferentes alíquotas por estado. Esse modelo influencia a proposta brasileira de criar um imposto dual, com divisão entre entes federativos. O Dr. Christian Zini Amorim ressalta que o desafio é equilibrar esse modelo à realidade nacional sem comprometer a arrecadação ou gerar insegurança jurídica.
O que o Brasil pode aprender com essas potências?
Com a China, o Brasil pode absorver a lógica de incentivos à cadeia produtiva e à inovação. O uso de mecanismos fiscais para fomentar setores estratégicos e promover equilíbrio regional pode ser adaptado ao contexto brasileiro, especialmente considerando as desigualdades econômicas entre os estados. A experiência chinesa mostra que uma política tributária bem desenhada pode impulsionar o crescimento de forma coordenada com o Estado.
Dos Estados Unidos, a lição mais valiosa é a simplificação aliada à segurança jurídica. O sistema americano prioriza clareza e previsibilidade, dois pontos que o Brasil tem buscado. Ao adotar boas práticas de compliance e digitalização, o país pode avançar em um sistema mais moderno e menos burocrático, alinhado ao comércio internacional e à atração de investimentos.
Quais os riscos de influências externas na reforma brasileira?
Importar modelos sem considerar as peculiaridades do Brasil pode ser um erro grave. A complexidade federativa, a informalidade da economia e a desigualdade regional exigem soluções adaptadas, não cópias literais. O advogado especialista Dr. Christian Zini Amorim pondera que influências internacionais são bem-vindas quando usadas como referência, e não como padrão obrigatório a ser replicado.
Uma reforma com os olhos no mundo, mas os pés no Brasil
A reforma tributária brasileira precisa ser moderna, eficiente e capaz de atrair investimentos, mas sem perder sua essência: promover justiça fiscal e desenvolvimento equilibrado. Para o advogado especialista Dr. Christian Zini Amorim, o Brasil tem a oportunidade de construir um sistema tributário mais justo e funcional ao aprender com experiências internacionais, sem abrir mão da sua soberania. O que está em jogo é mais que arrecadação: é o futuro econômico de um país que precisa crescer com equilíbrio, competitividade e responsabilidade social.
Autor: Gennady Denisov